Lançamento do livro renovação, 1919 de Maria Lacerda de Moura

O Núcleo Audiovisual Maria Lacerda de Moura esteve na noite do dia 15 de maio de 2015 no CCs em São Paulo (SP), registrando o lançamento do livro Renovação da anarquista Maria Lacerda de Moura (1887-1945)

Houve a exibição do documentário “Maria Lacerda de Moura – trajetória de uma rebelde” (de Miriam Moreira Leite e Ana Lucia Ferraz, 33 min., 2003).

Após, a exibição ocorreu um debate sobre a referida obra em lançamento da escritora anarquista com a pesquisadora Samanta Colhado Mendes, graduada e mestre em história pela Unesp, autora da da dissertação “As Mulheres Anarquistas na cidade de SP (1989 – 1930)”.

QUEM FOI MARIA LACERDA DE MOURA??

Nascida em 16 de maio de 1887, em Manhuaçu (MG), na fazenda Monte Alverne, Maria Lacerda é filha de Modesto de Araújo Lacerda e Amélia Araújo Lacerda, simpatizantes de idéias anticlericais e suas primeiras influências de contestação.

Maria Lacerda de Moura é incansável: professora, ativista, escritora, periodista; é presença invulgar em meio ao burburinho das ideias de contestação dos inicios do século XX no Brasil e noutros países. É de se notar sua critica às expressões de autoritarismo e à moral burguesa; com destaque desde logo à escrita de intervenção social e a denúncia à opressão do específico; as mulheres.
A libertária reivindicava o fim das hierarquias sociais e sexuais, contestando o ” saber médico” de então, lugar das justificativas biológicas de psiquiatras, médicos e intelectuais em relação à “natural” subordinação da mulher. Leitora atenta, Maria Lacerda enfrenta as versões correntes, buscando explicação histórica para o desigual desenvolvimento intelectual e físico das mulheres. Desabonava, assim, teses correntes na medicina e na psiquiatria do seu tempo, como os postulados de Miguel Bombarda, médico português que responsabilizava as mulheres pelo enfraquecimento da espécie e propalava a reprodução como única contribuição feminina para a evolução humana.

” A razão deste livro é simples:
Estudei sozinha. Eu mesma me indicava os autores que devia lêr. Conheci-os, unas atráves dos outros.

E lia tudo: livros de filosofia, logica, pedagogia, psychologia, moral, etc, etc, – procurando interpretar […]

Uma necessidade imperiosa de meu sêr mandava que eu mostrasse à mulher patrícia que, aqui mesmo onde vivemos, há um mundo novo, desconhecido de nós mulheres, um mundo de felicidades estranhas, indefinidas, delicadas, – o mundo dos livros bons que nos ensinam a viver vida intensa, a ser útil, a derramar a flux – idéias novas, desejos de uma existência de trabalho profícuo, attraente.”

( Renovação, 1919/ Maria Lacerda de Moura)